Em nós despertou a curiosidade de saber como e porquê se escolhe ser dirigente no desporto.
O dirigente desportivo, todo o dirigente desportivo, é um eleito. Pelo menos assim deveria ser, na maioria das vezes assim sucederá.
Contudo o modo de recrutamento é muito diferente.
Há para todos os gostos. Basta que para tanto atentemos naquilo que se passa em certas associações e clubes desportivos existentes no concelho de Penafiel.
-
Existem associações ou clubes desportivos cujos dirigentes consideram que estes são uma espécie de feudo pessoal, que se estrutura na base de um sistema de auto-reprodução do poder;
-
Vêem-se dirigentes desportivos “feitos à pressa” com uma visão dos problemas do desporto que roça por vezes, os limites do ridículo;
-
Outros há que são autênticos mercenários, que é essa nova “clique” de técnicos, cuja formação científica e técnica deixa muito a desejar e se dúvidas houvesse, os resultados estão bem à vista de todos;
-
Existem depois aqueles que fazem uma espécie de "ocupação selvagem" dos lugares de direcção.
Este é um curioso efeito perverso da ditadura no passado que criou uma ausência, um vazio político e um sector desportivo que rapidamente aprendeu a viver na sombra do subsídio oficial.
Ao longo do tempo, contudo, temos encontrado algumas pistas que nos permitem entender melhor os dirigentes desportivos naquilo que vemos, lemos ou ouvimos.
· Ouve-se amiúde, que ser dirigente é assumir a responsabilidade de uma direcção.
Efectivamente um dirigente tem responsabilidades de direcção, mas é também um organizador, um companheiro, um administrador e muitas vezes legislador e regulamentador.
· Vemos casos em que os dirigentes desportivos têm de dispor de tempo, influências e até de dinheiro.
Sendo uma franja pequena é naturalmente muito influente, já que goza de privilégios que a generalidade dos restantes dirigentes desportivos não possui.
· Noutros casos o exercício da função requer ao dirigente desportivo, apego aos princípios do associativismo, capacidade de trabalho, espírito e dedicação à causa do desporto.
Estes são os dirigentes que se entregam a uma vida associativa cheia de obstáculos e tantas vezes incompreendida.
· Lemos noutro sítio que o dirigente desportivo é ao mesmo tempo uma espécie de deputado.
Esta concepção ajusta-se muito bem a alguns casos do dirigismo do desporto no concelho de Penafiel onde existem dirigentes a viver numa espécie de frenesim jubilatório, que pensam que os seus clubes vivem sempre em festa e onde qualquer opinião dissonante é desde logo classificada como fatalista.
Para nós, o dirigente desportivo é antes de mais a grande roda motriz da engrenagem da sua organização: o clube desportivo.
E falar de clubes desportivos é abordar realidades complexas, com problemas vários e muito distintos.
Mas raro foi, ao longo de muitos anos, ouvirmos aos dirigentes desportivos no concelho o que pensam sobre os problemas do Desporto em Penafiel
Os dirigentes desportivos deveriam questionar-se se estão honesta e lealmente dispostos a dedicar anos da sua vida a fazer esforços incansáveis para satisfazer as necessidades de educação e do carácter da juventude.
O Desporto em Penafiel está perante desafios em que é preciso ter coragem de ter razão onde é mais difícil tê-la: no médio e no longo prazo!
Sob pena de se assim não suceder nos limitarmos a correr não para o futuro, mas atrás dele!