Não temos pavilhões e temos intenções
Não temos piscinas e temos eventos
Não temos desporto e somos um concelho feliz e contente
Somos um concelho que não se rala.
Porque já se sabe, há-de sempre surgir, ao virar da esquina, um homem (ou mulher) providencial.
Os outros concelhos, esses, sem talento, sem garra, sem inspiração, fartam-se de trabalhar para obter, aqui e ali, num campeonato qualquer, mediocremente, um título, uma medalha.
Para fabricar um campeão, precisam juntar centenas, talvez milhares de praticantes. Para construir uma vitória são anos de trabalho. Sem contar com as despesas de pavilhões, das piscinas, das pistas.
Nós não!
Queimamos uma quantidade de etapas.
Limitamo-nos a esperar que caia, de maduro, da árvore, um campeão ou campeã.
Que rebente entre as ervas e as silvas, a vitória.
Somos um concelho de virtuosos, de autodidactas, de self-made-men !
Do desporto o que nos interessa são as taças e as medalhas. Do futebol o golo. Da natação o pódio, dos eventos a notícia.
Nada de grandes números de praticantes ou de esforços colectivos. São monótonos e grosseiros.
O Irivo ganhou o campeonato de futebol popular e foi campeão da Europa.
Joana Carvalho nadou e aumentou a piscina em 25 metros.
Na próxima época o F.C. Penafiel foi campeão do Mundo! Vai, dê lá por onde der! Mesmo que perca, o que é igual.
Tanto bastará para nos porem ao rubro.
É a superioridade do nosso gigantesco complexo de inferioridde. Ou a inferioridade do nosso imenso complexo de superioridade.
Aproveitando uma frase que o Eça de Queirós pôs na boca de um dos seus personagens que resume a posição de bom senso da idade madura olhando as verduras da mocidade, não renegamos as verduras do estilo:
Somos assim um Penafiel absurdo em 2007!